Novas técnicas e exames ajudam na detecção precoce da doença
Com as altas temperaturas do verão, a população fica mais exposta a doenças. O câncer de pele, por exemplo, é o tipo mais comum entre a população brasileira. Para 2014 estão previstos 182 mil novos casos do câncer de pele não melanoma, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
Há três tipos principais de câncer de pele: o mais comum, o carcinoma basocelular, corresponde aproximadamente a 71,4% dos tumores malignos da pele; o carcinoma espinocelular corresponde a 21,7% dos casos, e o melanoma representa 4% – apesar da menor incidência, este último merece atenção especial.
O melanoma é o mais agressivo e com maior índice de mortalidade, se diagnosticado tardiamente. Por exemplo, se um melanoma tiver quatro milímetros de espessura quando diagnosticado, o paciente terá sobrevida em cinco anos de aproximadamente 54%, ou seja, 46% dos pacientes morrerão de disseminação da doença no período”, comenta o patologista Gilles Landman, membro da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).
Segundo estudo americano publicado na Archives of Dermatology, os pacientes com melanoma possuem 28% maior risco de desenvolver outros tipos de câncer, como mama e próstata. Além de mais agressivo, o melanoma também é o mais difícil de ser diagnosticado. “Os tipos de doenças de pele mais difíceis de serem descobertos são os melanomas e seus subtipos, por causa de sua semelhança com as lesões benignas em alguns casos”, afirma Landman.
Tecnologia
Os avanços tecnológicos tornaram-se importante ferramenta para a detecção precoce da doença. A utilização da dermatoscopia, espécie de lente de aumento semelhante à usada para observar o ouvido, aumentou a precisão diagnóstica do melanoma. Recentemente esse método começou a ser utilizado por meio da digitalização das imagens, permitindo o estudo comparativo de lesões num intervalo curto de tempo e um banco de dados comparativo do paciente.
“Outra tecnologia com desenvolvimento constante, ainda timidamente no Brasil, é o uso da microscopia confocal in vivo, que possibilita, através de raios laser, o exame de lesões com resolução de microscópio. Nesse caso, é possível examinar o paciente ter uma alta precisão para indicar se a lesão deve ou não ser tirada”, ressalta o médico.
No exame anatomopatológico, que permite identificar o tipo de tumor e estabelecer parâmetros prognósticos, não se usa mais somente o microscópio, mas também outras técnicas moleculares, incluindo sequenciamento gênico, identificação de mutações através de Hibridização In Situ Fluorescente (FISH), de Hibridização Genômica Comparativa (CGH) e também técnicas de proteômica, por meio de espectrometria de massa.
“Essas técnicas são complementares, e têm permitido determinar, por exemplo, em melanomas, quando há mutação de BRAF, que aumenta a quantidade da proteína produzida por esse gene; pode-se usar um anticorpo contra ela e obter o desaparecimento temporário da doença em curto prazo”, comenta o médico.
Fatores de risco
Para o membro da SBP, as lesões na pele têm como fator predisponente a exposição à luz ultravioleta A e B, em especial em pessoas muito claras que se queimam e nunca se bronzeiam. “Por outro lado, há famílias com propensão ao desenvolvimento de melanomas. Cerca de 10% dos pacientes diagnosticados com melanoma têm histórico familiar desse tipo de tumor. Nesses casos, é importante a avaliação com o especialista denominado oncogeneticista, que estabelecerá se é mesmo câncer hereditário e qual a probabilidade de desenvolvimento da doença”, diz.
A ascendência e o tipo de pele também podem mostrar se a pessoa tem mais probabilidade de desenvolver a doença. Pessoas muito claras, com cabelos claros, olhos claros, portadoras de sardas e que se queimam com facilidade e dificilmente se bronzeiam são mais suscetíveis ao desenvolvimento do câncer de pele. Além disso, pessoas com muitas pintas (nevos) têm maior probabilidade de desenvolvimento de melanoma.