País tem 1,64 médico patologista para cada 100 mil habitantes, abaixo do recomendado pela OMS, que é de 5 a 6 por 100 mil habitantes e um terço é de idosos
São Paulo – xx de outubro – A área médica vivencia dificuldades, como a falta de médicos patologistas. Trata-se do especialista responsável por diagnosticar e definir linhas de tratamento para doenças importantes como o câncer.
“Corremos o risco de um apagão de patologistas”, afirma a presidente da Sociedade Brasileira de Patologia, Dra. Katia Ramos Moreira Leite. Ela é também professora e pesquisadora da Universidade de São Paulo e integrante do comitê editorial da série de livros da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC, na sigla em inglês) da Organização Mundial de Saúde (OMS) que atualiza e padroniza a classificação de tumores no mundo.
Com a contribuição das pesquisas de patologistas, as classificações de tumores têm se aprimorado e permitido o desenvolvimento de tratamentos específicos por tipo de tumor, muitas vezes atuando diretamente na alteração molecular causadora da doença. Isso significa um tratamento específico, mais eficaz para o paciente, definido a partir do diagnóstico.
Apesar da importância dos patologistas, que lidam em várias vertentes, inclusive em áreas como transplantes de órgãos, autópsias, entre outros papéis; dos 293.064 médicos especialistas no Brasil, apenas 3.445 são patologistas. Os números resultam na estatística de apenas 1,64 patologista por 100 mil habitantes, abaixo do que é considerado adequado pela OMS que menciona 5 a 6 patologistas por 100 mil pessoas.
Além disso, um terço dos patologistas em 2020 já tinham 60 anos ou mais, sendo a idade média dos patologistas de 51,6 anos. Os números são da Demografia Médica no Brasil de 2020, a mais recente, realizada pela equipe liderada pelo Dr. Mário Scheffer, da Universidade de São Paulo, e publicada em conjunto pela USP e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).
Este cenário demonstra uma realidade que a SBP busca transformar por meio de uma série de iniciativas. “Por isso, o trabalho de alcançar os estudantes de graduação de Medicina nas faculdades e universidades brasileiras, além das atividades realizadas pelos professores junto ao Fórum de Ensino de Patologia (FEP) que está elaborando diretrizes e recomendações para o aprimoramento do ensino da Patologia no Brasil”, explica a Dra. Marina De Brot, médica patologista do A.C. Camargo Cancer Center e secretária-geral da SBP.
Aumentar o número de faculdades de Medicina não resolve. De acordo com Relatório das Escolas Médicas no Brasil do Conselho Federal de Medicina (CFM), o número de escolas de Medicina mais do que quadruplicou nos últimos 30 anos, passando de 78 em 1990 para 353 em 2020. No entanto, a expansão acelerada levou a falta também de professores de algumas disciplinas, como Patologia, palavra que significa “estudo da doença” e é básica para a formação de todos os médicos.
Sobre a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP)
Fundada em 1954, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) tem o objetivo de promover a integração e educação continuada dos médicos especialistas da área, priorizando sempre a comunicação e o aprimoramento técnico-científico. Desde o início de suas atividades, a associação promove, a cada dois anos, o Congresso Brasileiro de Patologia. E em agosto de 2022 aconteceu a sua 33ª edição. A SBP também produz a publicação “O Patologista”, um informativo com notícias sobre a especialidade, com periodicidade trimestral.