O câncer de mama é um tumor maligno que acontece devido a alterações genéticas nas células da glândula mamária. Tais células tornam-se defeituosas e se proliferam de maneira desordenada, levando assim à formação de nódulo (caroço) na mama, em tecidos vizinhos (nódulos na axila) ou em outras partes do corpo (metástases à distância).
Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) no ano de 2014, o câncer de mama foi o tipo mais frequente de câncer em mulheres no Brasil e no mundo. Ele também foi responsável pelo maior número de mortes por câncer em mulheres no mesmo ano.
Os sintomas do câncer de mama são variados e podem incluir nódulo palpável endurecido no seio (associado ou não à dor), nódulo palpável na axila (linfonodo), alterações na pele da mama (pele em “casca de laranja”) e saída de secreção pelo mamilo.
Existem alguns métodos de rastreamento para o câncer de mama. Eles são ferramentas fundamentais para o diagnóstico precoce da doença, ou seja, quando os sintomas descritos acima ainda não existem. Dessa forma, o câncer é detectado em estágios iniciais, podendo então ter a chance de uma evolução melhor. Os principais métodos de rastreio são:
1) Alerta às mulheres para a saúde das mamas: acesso à informação sobre a doença e auto-exame das mamas;
2) Consulta médica com especialista (mastologista) para exame clínico das mamas anualmente;
3) Exame de mamografia, a ser realizado anualmente em todas as mulheres acima dos 40 anos de idade.
Vale lembrar que mulheres que possuem história de câncer de mama na família, principalmente em parentes de primeiro grau (mãe e irmãs), devem procurar acompanhamento médico e realizar a mamografia anualmente a partir dos 35 anos de idade.
O diagnóstico definitivo é dependente de um conjunto de informações baseadas no exame clínico, no estudo radiológico (mamografia e ultrassonografia)e no resultado de exames anatomopatológicos da lesão.
O diagnóstico final emitido no laudo anatomopatológico é dado pelo médico patologista através da análise microscópica de amostras de tecido obtidas por biópsia (core biopsy ou mamotomia) e também do espécime cirúrgico. O mesmo deve conter informações básicas como por exemplo o subtipo histológico e grau de diferenciação tumoral.
Em geral, a pesquisa de metástase em linfonodos (nódulos) da axila é feita inicialmente através da biópsia do linfonodo sentinela, que é o linfonodo mais próximo e o primeiro a ser atingido por linfa proveniente da área tumoral. O mesmo é retirado durante a cirurgia e enviado ao médico patologista para exame de congelação, o qual é realizado dentro do centro cirúrgico no mesmo momento e diz ao cirurgião se há acometimento pelo tumor ou não, definindo assim a conduta cirúrgica em relação à retirada de mais linfonodos da axila (esvaziamento axilar).
É também o médico patologista que analisa o exame auxiliar imuno-histoquímico. Este determina, no mesmo tecido da biópsia ou cirurgia, a presença de receptores hormonais e de HER-2. Ambos são marcadores que devem ser sempre pesquisados já que além de definirem o subtipo molecular do câncer de mama, disponibilizam informações importantes para que o mastologista e o oncologista escolham o melhor tratamento para o paciente de maneira individualizada.
O tratamento do câncer de mama envolve terapia clínica (quimioterapia, hormonioterapia e radioterapia) e cirúrgica (retirada conservadora do tumor ou retirada de toda a mama). Quando a doença é diagnosticada no início, o tratamento tem maior potencial de cura. Quando há evidências de metástases (doença disseminada), o tratamento tem por objetivo melhorar a qualidade de vida da paciente.
A prevenção primária desse tipo de câncer ainda não é totalmente possível devido à grande quantidade de fatores de risco e das alterações genéticas envolvidas na sua causa. Porém, existem atitudes cientificamente provadas que ajudam a diminuir o risco do câncer de mama, tais como a prevenção da obesidade, a prática de exercícios físicos regularmente, dieta equilibrada e a promoção do aleitamento materno.
Conscientize-se e previna-se!
Drª Angela Flávia Logullo Waitzberg – Profª Adjunta do Departamento de Patologia – EPM/UNIFESP
Drª Karla Calaça Kabbach Prigenzi – Estagiária em especialização na área de patologia mamária – Departamento de Patologia – EPM/UNIFESP