Albina Messias A. Milani Altemani, Clóvis Antônio Lopes Pinto, Icléia Siqueira Barreto
Códigos de topografia
C10.1 Superfície anterior (lingual) da epiglote
C32.0 Glote
C32.1 Supraglote (superfície laríngea)
C32.2 Subglote
C32.3 Cartilagem laríngea
C32.8 Lesões superpostas da laringe
C32.9 Laringe, sem outra especificação (SOE)
I. Identificação e resumo clínico
II. Dados clínicos relevantes
Sintomas e duração ______________________
Diagnóstico clínico com os achados laringoscópicos ______________________
Radioterapia
- Sim
- Não
Quimioterapia
- Sim
- Não
Outros diagnósticos relevantes ______________________
III. Procedimento cirúrgico
- Biópsia incisional
- Biópsia excisional
- Ressecção endolaríngea
- Ressecção transoral com laser (glote)
- Laringectomia vertical
- Laringectomia supraglótica
- Laringectomia supracricóidea
- Laringectomia total
- Esvaziamento cervical (especificar) ______________________
- Outro(s) (especificar) ______________________
- Não especificado
III.1 Integridade do espécime
- Intacto
- Fragmentado
IV. Exame macroscópico
IV.1 Lateralidade do tumor
- Direita
- Esquerda
- Bilateral
- Linha média
- Não especificada
IV.2 Sítio do tumor (Figura 1)
IV.2.1 Supraglote
- Epiglote
- Face lingual
- Face laríngea
- Pregas ariepiglóticas
- Aritenoide
- Cordas vocais falsas
- Ventrículos
IV.2.2 Glote
- Cordas vocais verdadeiras
- Comissura anterior
- Comissura posterior
IV.2.3 Subglote
- Sim
- Não
IV.2.4 Transglótico
- Sim
- Não
IV.2.5
- Não especificado
IV.2.6
- Outro (especificar) ______________
SG: supraglote; G: glote; IG: infraglote.
Comissuras: CA: comissura anterior; CP: comissura posterior.
MTC: membrana cricotireóidea.
Cordas vocais: CF: corda falsa; CV: corda verdadeira.
Cartilagens: T: tireoide; A: aritenoide: C: cricoide: H: osso hioide.
EP: espaço pré-epiglótico.
V: ventrículo.
IV.3 Tamanho do espécime ___ x ___ x ___ cm
IV.4 Tamanho do tumor ___ x ___ x ___ cm
- Não pode ser determinado
IV.5 Descrição do tumor
- Polipoide
- Exofítico
- Endofítico
- Ulcerado
- Séssil
- Outro (especificar) ________________
IV.6 Detalhamento do exame macroscópico em laringectomias
IV.6.1 Hemilaringectomia vertical (Figura 2 e Tabela 1)
O tumor compromete
- Corda vocal
- Totalmente
- Parcialmente ____ %
- Comissuras
- Anterior
- Posterior
- Ventrículo
Grau de extensão subglótica ____ cm (a partir da borda superior da corda verdadeira)
Tamanho das margens cirúrgicas
Superior ____ cm
Inferior ____ cm
Anterior ____ cm
Posterior ____ cm
Margens: A: anterior; S: superior; P: posterior; I: inferior.
Cartilagens: A: aritenoide; T: tireoide; C: cricoide.
Tabela 1 Cortes histológicos na hemilaringectomia e laringectomia frontolateral.
A. Margens |
---|
Anterior (região da comissura anterior) |
Posterior (região da comissura posterior) |
Inferior e superior (o mesmo fragmento pode conter as duas margens) |
B. Cartilagem tireóidea |
Área correspondente à invasão tumoral máxima |
Resumo – hemilaringectomia e laringectomia frontolateral |
1. Orientar o espécime, medir e descrever (constituição do espécime,características e extensão do tumor, tamanho das margens cirúrgicas) |
2. Pintar as margens cirúrgicas |
3. Retirar a cartilagem da tireoide |
4. Realizar cortes histológicos |
IV.6.2 Laringectomia supraglótica (Figura 3 e Tabela 2)
O tumor compromete
- Região supra-hióidea
- Infra-hióidea
- Cordas falsas
- Direito
- Esquerdo
- Não compromete
- Pregas ariepiglóticas
- Direito
- Esquerdo
- Não compromete
- Seio piriforme
- Sim
- Não
- Espaço pré-epiglótico
- Sim
- Não
Tumor cruza a linha média
- Sim
- Não
Tamanho das margens cirúrgicas
Inferior ____ cm
Superior ____ cm
Anterior ____ cm (tecidos moles em torno do espaço pré-epiglótico)
Figura 3 Laringectomia supraglótica.Margens: I: inferior, nos ventrículos; A: anterior, nos tecidos moles; S: superior, na base da língua/valécula.
Cartilagens: T: tireoide; A: aritenoide; C: cricoide; H: osso hioide. EP: espaço pré-epiglótico.
Tabela 2 Cortes histológicos na laringectomia supraglótica.
A. Margens |
---|
Inferior (na mucosa dos ventrículos) à direita e à esquerda |
Superior (na mucosa da valécula/base da língua) |
Anterior (nos tecidos moles adjacentes ao espaço pré-epiglótico) |
B. Massa tumoral |
Na área de invasão mais profunda |
Relação entre tumor e mucosa normal |
C. Espaço pré-epiglótico Resumo – laringectomia supraglótica |
Orientar espécime, medir e descrever (constituição do espécime, características e extensão do tumor, tamanho das margens cirúrgicas) |
Pintar margens cirúrgicas |
Realizar um corte longitudinal (vertical) passando no centro do tumor para descrever as estruturas comprometidas (espaço pré-epiglótico, tecidos moles extralaríngeos, cartilagem, etc.) |
Realizar cortes histológicos |
Os fragmentos das margens mucosas devem ser perpendiculares, no caso das margens próximas do tumor; e em forma de fita, no caso das distantes |
IV.6.3 Laringectomia total (Figura 4 e Tabela 3)
O tumor compromete
Região supraglótica
- Supra-hióidea
- Infra-hióidea
Pregas ariepiglóticas
- Direita ____ % de sua extensão
- Esquerda ____ % de sua extensão
Cordas falsas
- Direita ____ % de sua extensão
- Esquerda ____ % de sua extensão
Ventrículos
- Direito ____ % de sua extensão
- Esquerdo ____ % de sua extensão
Região glótica
Cordas verdadeiras
- Direita ____ % de sua extensão
- Esquerda ____ % de sua extensão
Comissuras
- Anterior
- Posterior
Região infraglótica ____ cm de extensão a partir da borda superior da corda verdadeira
Outras estruturas
- Traqueostomia
- Sim
- Não
- Espaço pré-epiglótico
- Sim
- Não
- Espaços paraglóticos
- Sim
- Não
- Cartilagem tireóidea
- Sim
- Não
- Cartilagem cricoide
- Sim
- Não
- Cartilagens aritenoides
- Sim
- Não
- Membrana cricotireóidea
- Sim
- Não
- Partes moles extralaríngeas
- Sim
- Não
- Glândula tireoide
- Sim
- Não
- Seio piriforme
- Sim
- Não
Tamanho das margens cirúrgicas
Lateral na hipofaringe
____ cm à direita
____ cm à esquerda
Inferior na hipofaringe ____ cm
Superior na orofaringe
____ cm à direita
____ cm à esquerda
Distância
Tumor/anel traqueal inferior ____ cm
Tumor/orifício de traqueostomia ____ cm
Margens mucosas: laterais na hipofaringe esquerda (HE) e hipofaringe direira (HD); superior na orofaringe (S); inferior na hipofaringe (HI); e na traqueia (IT).
Margens em tecidos moles: anterior (A) e posterior (P).
Cartilagens: A: aritenoide; T: tireoide; C: cricoide; H: osso hioide.
EP: espaço pré-epiglótico
Tabela 3 Cortes histológicos na laringectomia total.
A. Margens |
---|
1. Mucosas (os fragmentos devem ser perpendiculares, no caso das margens próximas do tumor; e em forma de fita, no caso das distantes) |
Lateral na hipofaringe esquerda ou na prega ariepiglótica esquerda |
Lateral na hipofaringe direita ou na prega ariepiglótica direita |
Superior na orofaringe ou na epiglote |
Inferior na hipofaringe à esquerda ou na mucosa aritenoide esquerda |
Inferior na hipofaringe à direita ou na mucosa aritenoide direita |
2. Traqueal inferior (em forma de fita) |
3. Tecidos moles extralaríngeos (fragmento perpendicular) |
Identificar sua localização (anterior esquerda e/ou direita, lateral esquerda e/ou direita, posterior) |
B. Cordas vocais falsa e verdadeira não envolvidas pelo tumor |
(Fragmento perpendicular representando as cordas à direita e/ou à esquerda) |
C. Massa tumoral |
Mostrar relação do tumor com as estruturas envolvidas (espaços pré-epiglótico e paraglótico, cordas vocais, tecidos moles e cartilagens) |
Área de invasão mais profunda |
Resumo – laringectomia total |
1. Orientar o espécime, medir e descrever (constituição do espécime, características, tamanho e regiões da laringe comprometidas pelo tumor, tamanho das margens cirúrgicas) |
2. Pintar as margens cirúrgicas |
3. Retirar as margens cirúrgicas mucosas e traqueal inferior |
4. Realizar as secções seriadas para descrever as estruturas comprometidas (espaços pré-epiglótico e paraglótico, tecidos moles extralaríngeos, cartilagens, etc.) |
5. Realizar o restante dos cortes histológicos |
V. Exame microscópico
V.1 Tipo histológico
- Carcinoma epidermoide
- Variante morfológica
- Carcinoma verrucoso
- Carcinoma escamoso basaloide
- Carcinoma adenoescamoso
- Carcinoma linfoepitelial
- Carcinoma fusocelular (sarcomatoide)
- Carcinoma escamoso papilífero
- Carcinoma neuroendócrino
- Bem diferenciado (carcinoide)
- Moderadamente diferenciado (carcinoide atípico)
- Pouco diferenciado (carcinoma de pequenas células)
- Melanoma maligno de mucosa
- Carcinoma de glândulas salivares menores
- Carcinoma adenoide cístico
- Carcinoma mucoepidermoide
- Baixo grau
- Intermediário
- Alto
- Outro carcinoma (especificar) _____________________
- Carcinoma, o tipo não pode ser determinado
V.2 Grau histológico
- Não aplicável
- Não pode ser determinado
- G1 – Bem diferenciado
- G2 – Moderadamente diferenciado
- G3 – Pouco diferenciado
- Outro (especificar) _________________
V.3 Margens cirúrgicas
- Não podem ser avaliadas
- Comprometidas por carcinoma invasivo
Especificar orientação _______________________ - Comprometidas por carcinoma in situ ou displasia de alto grau (moderada ou intensa)
Especificar orientação ______________________ - Livres de carcinoma invasivo e de epitélio atípico (carcinoma in situ ou displasia de alto grau)
Especificar orientação ______________________
Distância da menor margem (em relação ao carcinoma invasivo ou in situ/displasia de alto grau) _____ mm
V.4 Invasão vascular linfática
- Não identificada
- Presente
- Indeterminada
V.5 Invasão perineural
- Não identificada
- Presente
- Indeterminada
V.6 Linfonodos
- Ausentes
- Presentes
Total de linfonodos examinados ______ - Ausência de metástases
- Presença de metástases
Número de linfonodos positivos ______
Tamanho do maior linfonodo positivo____________
Localização dos linfonodos positivos (ver a seguir) __________
Invasão extracapsular
- Sim
- Não
VI. Diagnóstico final (exemplo)
Produto de laringectomia total.
- Carcinoma epidermoide moderadamente diferenciado da laringe, comprometendo:
a. Região supraglótica infra-hióidea à direita (corda vocal falsa e ventrículo).
b. Região glótica direita (corda vocal verdadeira e comissura anterior).
c. Região infraglótica bilateralmente.
d. Cartilagens tireoide e cricoide à direita.
e. Espaço paraglótico à direita.
f. Partes moles extralaríngea.
- Margem cirúrgica lateral na hipofaringe a direita comprometida por carcinoma in situ. Demais margens livres, a menor medindo cerca de 10 mm.
- Presença de invasão carcinomatosa perineural e ausência de êmbolos neoplásicos.
- Esvaziamento cervical radical à direita.Carcinoma epidermoide metastático em 5 linfonodos cervicais (níveis II e III), com extensão extracapsular microscópica (≤2mm), o maior medindo 3,5 cm no total de 58 examinados.
VII. Comentários
VII.1 Estadiamento (Tabela 4)
pT – Tumor primário
- pTX – Não pode ser avaliado
- pTO – Sem evidências de tumor primário
- pTis – Carcinoma in situ
Carcinoma supraglótico
- pT1 – Tumor limitado a um sítio da supraglote com mobilidade normal da corda vocal
- pT2 – O tumor invade a mucosa de mais de um sítio adjacente da supraglote ou glote ou região fora da supraglote (mucosa da base da língua, valécula, parede medial do seio piriforme) sem fixação da laringe
- pT3 – Tumor limitado à laringe com fixação da corda vocal e/ou invade qualquer uma das seguintes regiões: área pós-cricoide, tecidos pré-epiglótico, espaço paraglótico e/ou cortical interna da cartilagem tireoide
- pT4a -Tumor invade a cartilagem tireoide e/ou invade tecidos além da laringe, isto é, traqueia, tecidos moles do pescoço incluindo musculatura profunda/extrínseca da língua, musculatura extralaríngea, tireoide ou esôfago
- pT4b –Tumor invade o espaço paravertebral, estruturas mediastinais ou envolve a artéria carótida
Carcinoma glótico
- pT1 – Tumor limitado à(s) corda(s) vocal (is) (pode comprometer a comissura anterior ou posterior), com mobilidade normal das cordas vocais
- pT1a – Tumor limitado a uma corda vocal
- pT1b – O tumor compromete ambas as cordas vocais
- pT2 – O tumor compromete a supraglote e/ou infraglote e/ou impede mobilidade da corda vocal
- pT3 – Tumor limitado à laringe com fixação da corda vocal e/ou invade espaço paraglótico e/ou cortical interna da cartilagem tireóidea
- pT4a –Tumor invade a cortical externa da cartilagem tireóidea e/ ou invade tecidos além da laringe, isto é, traqueia, tecidos moles do pescoço incluindo musculatura profunda/extrínseca da língua, musculatura extralaríngea, tireoide, esôfago
- pT4b –Tumor invade o espaço paravertebral, as estruturas mediastinais ou envolve a artéria carótida
Carcinoma subglótico
- pT1 – Tumor limitado à subglote (infraglote)
- pT2 – O tumor compromete a(s) corda(s) vocal (is) com mobilidade normal ou impedida
- pT3 – Tumor limitado à laringe com fixação da corda vocal
- pT4a –Tumor invade a cartilagem tireoide ou cricoide e/ou invade tecidos além da laringe, isto é, traqueia, tecidos moles do pescoço incluindo musculatura profunda/extrínseca da língua, musculatura extralaríngea, tireoide, esôfago
- pT4b –Tumor invade o espaço paravertebral, as estruturas mediastinais ou envolve a artéria carótida
pN – Linfonodos
- pNX – Não podem ser avaliados
- pN0 – Ausência de metástase em linfonodo regional
- pN1 – Metástase em um único linfonodo ipsilateral ≤ 3 cm, sem extensão extranodal
- p N2 – Metástases descritas como:
- pN2a – Metástase em um único linfonodo ipsilateral < 3 cm com extensão extranodal ou > 3 cm mas não mais que 6 cm, sem extensão extranodal
- pN2b – Metástases em múltiplos linfonodos ipsilaterais, nenhuma maior que 6 cm, sem extensão extranodal
- pN2c – Metástases em linfonodos bilaterais ou contralaterais, nenhuma maior que 6 cm, sem extensão extranodal
- pN3 – Metástases descritas como:
- P3a – metástases em um linfonodo > 6 cm, sem extensão extranodal
- P3b – Metástase em um linfonodo > 3 cm com extensão extranodal ou múltiplo ipsilateral, contralateral ou bilateral, com extensão extranodal
pM – Metástases à distância
- pMX – Não avaliáveis
- pM0 – Ausência de metástases
- pM1 – Metástases à distância
Tabela 4 Grupamentos prognósticos do carcinoma de laringe.
Estádio | T | N | M |
---|---|---|---|
0 | Tis | N0 | M0 |
I | T1 | N0 | M0 |
II | T2 | N0 | M0 |
III | T1, T2 T3 |
N1 N0, N1 |
M0 M0 |
IVA | T1, T2, T3 T4a |
N2 N0, N1, N2 |
M0 M0 |
IVB | T4b Qualquer T |
Qualquer N N3 |
M0 M0 |
IVC | Qualquer T | Qualquer N | M1 |
STAGE | |||
Stage0 | Tis | N0 | M0 |
StageI | T1 | N0 | M0 |
StageII | T2 | N0 | M0 |
StageIII | T3
T1,T2,T3 |
N0
N1 |
M0
M0 |
StageIVA | T4a
T1,T2,T3,T4a |
N0, N1
N2 |
M0
M0 |
StageIVB | T4b
AnyT |
AnyN
N3 |
M0
M0 |
StageIVC | AnyT | AnyN | M1 |
VIII. Considerações gerais
VIII.1 Procedimentos macroscópicos
VIII.1.1 Peça de laringectomia vertical – hemilaringectomia e laringectomia frontolateral
VII.1.1.1 Hemilaringectomia
Na hemilaringectomia, a secção é feita na linha média da cartilagem tireoide, com a retirada em conjunto das cordas falsa e verdadeira e ventrículo correspondente; pode ou não incluir a cartilagem aritenoide. Na laringectomia frontolateral, a secção cirúrgica é feita cerca de 5 mm além da linha média, para incluir na peça o terço anterior da hemilaringe contralateral. A avaliação macroscópica desses dois tipos de laringectomia é igual. Ambas as cirurgias são realizadas para carcinoma da corda vocal verdadeira.
VIII.1.1.2 Descrição
Seguir o roteiro do exame macroscópico e descrever as estruturas comprometidas pelo tumor (corda vocal verdadeira, comissuras anterior e posterior, ventrículo), a extensão do comprometimento tumoral na corda vocal e em direção à região infraglótica a partir da borda superior da corda verdadeira, o tamanho do tumor, seu tipo de crescimento (exofítico ou endofítico) e o tamanho das margens cirúrgicas.
VIII.1.1.3 Procedimento macroscópico
Fixar durante uma noite em formalina a 10%. Orientar e pintar as margens cirúrgicas com tinta-da-china e seccionar a peça pela técnica de blocos seriados longitudinais, como indicado na Figura 1. Para facilitar a secção seriada, a cartilagem tireoide pode ser retirada, após a pintura prévia das margens cirúrgicas.
Incluir e examinar microscopicamente todos os blocos. A cartilagem tireoide deve ser examinada no local correspondente à invasão tumoral máxima.
VIII.1.2 Peça de laringectomia supraglótica
VIII.1.2.1 Secção cirúrgica
A secção cirúrgica é feita horizontalmente no nível dos ventrículos, com a retirada da metade superior da laringe. O osso hioide pode ou não ser retirado em conjunto. Essa cirurgia é realizada para carcinoma supraglótico, que, caracteristicamente, quase nunca invade as cartilagens laríngeas.
VIII.1.2.2 Descrição
Seguir o roteiro do exame macroscópico e descrever a localização do tumor em relação ao osso hióide (tumor supra-hióideo, infra-hióideo ou ambos), as estruturas comprometidas (cordas falsas, pregas ariepiglóticas, seio piriforme, espaço pré-epiglótico), tamanho do tumor, tipo de crescimento (exofítico ou endofítico) e tamanho das margens cirúrgicas.
VIII.1.2.3 Procedimento macroscópico
Fixar durante uma noite em formalina a 10%.As margens cirúrgicas críticas são: inferior no nível dos ventrículos, superior na valécula/base da língua e anterior nos tecidos moles adjacentes ao espaço pré-epiglótico, como na Figura 2. Todas essas margens devem ser pintadas com tinta-da-china. Incluir fragmentos do tumor, de todas as margens cirúrgicas e do espaço pré-epiglótico.
Os fragmentos do tumor devem conter a interface tumor-hospedeiro, na área de invasão mais profunda e a relação entre tumor e mucosa normal.
Os fragmentos das margens cirúrgicas devem ser cortados perpendicularmente para mostrar a relação do tumor com a margem. Fragmentos paralelos à margem cirúrgica, em forma de fita, devem ser reservados apenas para as margens distantes do tumor.
VIII.1.3 Peça de laringectomia total
VIII.1.3.1 Secção cirúrgica
A laringe é totalmente removida, junto com o osso hioide e os anéis traqueais.
Esta cirurgia é realizada para tumores extensos, que invadem profundamente a musculatura laríngea e as cartilagens.
VIII.1.3.2 Descrição
Seguir o roteiro do exame macroscópico e descrever as regiões laríngeas comprometidas pelo tumor (supraglótica, supra-hióidea ou infra-hióidea ou ambas, glótica e infraglótica); para cada região, especificar o lado acometido (direito, esquerdo ou ambos) e as estruturas envolvidas. O comprometimento neoplásico das cartilagens laríngeas, dos espaços pré-epiglótico e paraglóticos, da membrana cricotireóidea, das partes moles extralaríngeas e da glândula tireoide deve ser relatado. O comprometimento dessas estruturas é mais bem avaliado após a secção seriada do órgão, como descrito no item seguinte. Descrever o tipo de crescimento neoplásico (exofítico ou endofítico), o tamanho do tumor, o tamanho das margens cirúrgicas e a distância do tumor em relação ao anel traqueal inferior e orifício da traqueostomia. Se as glândulas tireoide e paratireoide acompanharem a laringectomia, descrever tamanho, peso e aspecto das superfícies externa e de corte.
VIII.1.3.3 Processamento macroscópico
Fixar durante uma noite em formalina a 10%.
Pintar com tinta-da-china as margens mucosas cirúrgicas (laterais, inferior na hipofaringe, superior na orofaringe), inferior na traqueia e os tecidos moles extralaríngeos. Abrir a laringe longitudinalmente em sua linha média posterior com tesoura, para que a superfície mucosa possa ser observada. Retirar fragmentos das margens mucosas, com uma fita representando toda a circunferência da margem inferior na traqueia e fragmentos perpendiculares das margens em tecidos moles extralaríngeos. Pesquisar linfonodos nos tecidos moles extralaríngeos. Seccionar toda a peça em cortes seriados, como indicado na Figura 3. Na laringe em que as cartilagens estão calcificadas, é possível seccionar o espécime com o auxílio de uma pequena serra manual de metal ou após submetê-lo à descalcificação. Separar a fatia que contém as cordas vocais falsas e verdadeiras, seccioná-las em cortes seriados longitudinais, de modo que em cada secção fiquem representadas as duas cordas vocais (falsa e verdadeira). Incluir fragmento representando as cordas falsas e verdadeiras livres de tumor.
Incluir fragmentos da massa tumoral que mostrem sua relação com as estruturas anatômicas envolvidas e na área de invasão mais profunda.
VIII.1.4 Esvaziamento cervical radical
VIII.1.4.1 Constituição
É constituído por: glândula submandibular, músculo enternocleidomastóideo, nervo acessório espinal, veia jugular interna e cinco níveis ganglionares: nível I, triângulo de tecidos junto a glândulas submandibulares; nível II, linfonodos juntos ao terço superior do músculo esternocleidomastoideo – jugulares craniais; nível III, terço médio – jugulares mediais; nível IV, terço inferior – jugulares caudais; e nível V, triângulo de tecido adiposo posterior ao músculo esternocleidomastoideo (Figura 5 e Tabela 5).
GI: glândula submandibular; NI: nível 1; NII: nível 2; NIII: nível 3; NIV: nível 4; NV: nível 5.
Tabela 5 Cortes histológicos no esvaziamento cervical radical.
A. Níveis linfonodais |
---|
Nível I – um fragmento de cada linfonodo dissecado |
Nível II – idem |
Nível IV – idem |
Nível V – idem |
B. Glândula submandibular |
Um fragmento |
C. Músculo esternocleidomastóideo |
Um fragmento |
Margem cirúrgica, quando o músculo estiver infiltrado pela neoplasia |
D. Veia jugular |
Um fragmento |
Margem cirúrgica, quando a veia estiver infiltrada pela neoplasia |
Resumo – esvaziamento cervical radical |
Orientar o espécime, medir e descrever (constituição do espécime) |
Abrir a veia jugular interna, examinar e representar |
Separar a glândula submandibular, descrever e representar |
Separar os níveis linfonodais, dissecar os linfonodos, descrever e representar |
Representar o músculo esternocleidomastóideo |
Os outros tipos de esvaziamentos cervicais são variantes do radical, e os níveis ganglionares devem ser previamente marcados pelo cirurgião. Dentre as variantes, as mais comuns são: (a) esvaziamento cervical radical modificado (funcional) – não inclui o músculo esternocleidomastoideo, o nervo acessório espinal ou a veia jugular interna; e (b) esvaziamento cervical regional (parcial ou seletivo) – inclui somente os linfonodos da primeira região metastática. O esvaziamento cervical radical (standard ou modificado) geralmente contém 15 ou mais linfonodos, enquanto no esvaziamento seletivo são encontrados 10 ou mais linfonodos.
VIII.1.4.2 Descrição
Relatar quais são as estruturas presentes no esvaziamento. Para cada nível ganglionar, descrever:
-número total de linfonodos,
-número de linfonodos positivos
– tamanho do maior linfonodo positivo
-presença ou ausência de extensão extranodal
A medida do maior linfonodo positivo deve ser feita durante o exame macroscópico, porém sempre com confirmação microscópica, visto que ocasionalmente o maior linfonodo é apenas reacional. Em raras ocasiões pode ocorrer que o maior linfonodo acometido por metástase não representa a metastase mais volumosa. Nesses casos, sugere-se especificar o tamanho do maior linfonodo positivo e o da maior metástase para que o oncologista tenha o máximo de informação para planejar o tratamento. O significado prognóstico de micrometástases (≤2 mm de dimensão) e de células tumorais isoladas (≤ 200 células) é ainda desconhecido em câncer de cabeça e pescoço. Entretanto, para estadiamento tumoral, depósito neoplásico de qualquer tamanho deve ser considerado linfonodo positivo. Quando os linfonodos metastáticos são coalescentes, deve-se relatar o número estimado de linfonodos acometidos e, quanto a dimensão destes, deve-se dar a medida do conjunto de linfonodos coalescentes.
Metástase em partes moles e sem linfonodo residual no exame microscópico frequentemente representa linfonodo completamente substituído por tumor e com extensão extranodal. Nesses casos é recomendado considerar a metástase em partes moles como um linfonodo comprometido, com extensão extranodal macroscópica.
A extensão extranodal é considerada um importante preditor de recidiva local e metástase a distância. Entretanto, como a medida da extensão extranodal é subjetiva, sua colocação no laudo é opcional. É sugerido que a extensão extranodal seja subdividida em microscópica (≤ 2 mm além da cápsula nodal) ou macroscópica (> 2 mm de extensão).
VIII.1.4.3 Processamento macroscópico
Fixar durante uma noite em formalina a 10%.
Abrir a veia jugular interna e examinar a glândula submandibular com cortes seriados. Separar os cinco níveis ganglionares e, em cada um deles, dissecar os linfonodos.
Incluir um fragmento de cada linfonodo dissecado com pequena quantidade de tecido adiposo adjacente, um da glândula submandibular, um do músculo esternocleidomastoideo e um da veia jugular. Caso essas estruturas (músculo e/ou veia) estejam infiltradas por neoplasia, deve-se representar as margens cirúrgicas. Rotular especificamente cada nível ganglionar.
IX. Procedimentos especiais
Até o momento, nenhuma outra técnica especial, além daquelas usadas na rotina histopatológica, tem sido requisitada para complementar o laudo de carcinoma de laringe. Em relação à pesquisa do papilomavírus humano (HPV), não há recomendação para que seja realizada rotineiramente em carcinomas laríngeos. Na cabeça e no pescoço, há evidências de que o HPV, particularmente o de alto risco tipo 16, participa da patogênese de um grupo especial de tumores – os carcinomas epidermoides da tonsila palatina e base de língua. A maioria desses carcinomas epidermoides é não queratinizante.
IX.1 Marcadores moleculares que podem individualizar, caso a caso, o prognóstico e a predição à resposta terapêutica em carcinoma epidermoide de laringe
IX.1.1 Progressão da carcinogênese
- TP53 (metodologias: imuno-histoquímica/Fish/NGS).
- P16 (metodologias: imuno-histoquímica/Fish/NGS).
- Ciclina D1 (metodologias: imuno-histoquímica/Fish/NGS).
Estes genes habitualmente estão envolvidos na transformação e na progressão de um epitélio normal em hiperplásico/displásico/carcinoma.
IX.1.2 Controle de ciclo celular correlacionando-se com maior agressividade tumoral
- TP53 (metodologias: imuno-histoquímica/Fish/NGS): controle do ciclo celular e apoptose.
- pRb (metodologias: imuno-histoquímica/NGS): controle do ciclo celular.
- PTEN (metodologias: imuno-histoquímica/Fish/NGS): apoptose.
IX.1.3 Proliferação celular
- Ki-67 (metodologia: imuno-histoquímica).
Neoplasias com alto índice de proliferação celular apresentam maior potencial para disseminação locorregional.
IX.1.4 Crescimento tumoral
- EGFR (metodologias: imuno-histoquímica/Fish/NGS). A amplificação e a mutação deste receptor correlacionam-se com maiores taxas de recorrência e pior sobrevida.
- VEGF (metodologia: imuno-histoquímica/NGS). A amplificação favorece a angiogênese tumoral e o potencial para metástase.
- Cox-2 (metodologia: imuno-histoquímica/NGS). Está correlacionado com metabolismo de prostaglandinas, que favorece a inflamação e a imunossupressão.
- MET (metodologias: imuno-histoquímica/Fish/NGS). A amplificação e a mutação deste receptor correlacionam-se também com motilidade e angiogênese tumoral.
- NOCHT (metodologia: NGS): crescimento celular, anti-apoptose, metástase
IX.1.5 Moléculas de adesão e capacidade de invasão que influenciam o potencial de migração tumoral
- E-caderina (metodologia: imuno-histoquímica/NGS).
- B-catenina (metodologia: imuno-histoquímica/NGS).
Moléculas responsáveis por adesão celular cuja perda de expressão favorece maior potencial de invasão estromal.
- Claudina-7 (metodologia: imuno-histoquímica/NGS).
- Metaloproteinases de matriz (MMP-2 e MMP-9) (metodologia: imuno-histoquímica/NGS).
Moléculas responsáveis por degradar a matriz extracelular correlacionando-se com potencial de infiltração local.
IX.1.6 Potencial de metástases regional e a distância
- E-caderina (metodologia: imuno-histoquímica/NGS).
- Metaloproteinases (metodologia: imuno-histoquímica/NGS).
- EGFR (metodologias: imuno-histoquímica/Fish/seqüenciamento/NGS).
- VEGF (metodologia: imuno-histoquímica/NGS).
IX.1.7 Carcinomas de laringe correlacionados com HPV
- HPV de alto risco (metodologia: genotipagem).
- Superexpressão da proteína p16 (metodologia: imuno-histoquímica).
- Perda da expressão das proteínas p53 e pRB (metodologia: imuno-histoquímica/NGS).
IX.1.8 Determinação do sítio primário em metástases regionais e a distância
- Citoceratina de alto peso molecular e p63 no carcinoma epidermoide (metodologia: imuno-histoquímica).
- Identificação do HPV (metodologia: genotipagem).
- Identificação do vírus Epstein-Barr (EBV) nos carcinomas indiferenciados da nasofaringe como diferencial do carcinoma epidermoide pouco diferenciado (metodologia: hibridização in situ)
IX.1.9 Avaliação do perfil de mRNA e miRNA envolvidos na carcinogênese e como fatores prognósticos, preditivos e de terapia alvo (metodologia: RT-qPCR).
Gene correlacionado | Prognóstico | Preditivo | Terapia alvo | |
miR-21-5p | PDCD4 (resistência a drogas) | Cisplatina
Paclitaxel Doxorubicina |
||
miR-181a-5p | FOS | Imatinibina | ||
mRNA | MMP3
COL3A1 |
Invasão e transição epitélio mesenquimal | ||
mRNA | ERBB4 | Sinalização de vias de carcinogênese | ||
miR-204 | JAK2 | Aumenta sensibilidade ao Cetuximabe | ||
miR-143-3p | Via
k-Ras/Raf/MEK/ERK |
Migração celular e invasão | Drogas alvo da via |
2.0 Detecção de células tumorais circulantes e miRNA circulante colaborando no diagnóstico e da detecção de resposta terapêutica, progressão e metástase.
miRNA-21, miRNA-31 e miRNA-33 (RTq-PCR)
2.1 Imunoterapia e bloqueio de checkpoitns no controle do carcinoma epidermóide de laringe avançado: PD1 e PD-L1
Anti-PD1 e anti-PD-L1 (metodologia: imunoistoquímica)
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