Atingindo entre 5 e 15% das mulheres no período reprodutivo e até 5% na fase pós-menopausa, a endometriose é uma doença ginecológica crônica caracterizada pela presença do endométrio fora do útero, ou seja, em outros órgãos da pelve e abdome. No Brasil, estima-se que o número de mulheres com endometriose seja de seis milhões.
Vale ressaltar que o Brasil é considerado um dos países que possui centros avançados para diagnóstico e tratamento da doença, estando no ranking entre os melhores do mundo. Ainda assim, metade da população feminina desconhece a doença, seus sintomas e tratamento. Tendo em vista este cenário, a maioria das pacientes demora a procurar ajuda médica e a desinformação sobre os sinais e consequências da doença segue alarmante, seja entre as pacientes ou entre médicos generalistas, que demoram para encaminhar esses casos aos especialistas.
Existem mulheres que sofrem dores intensas, enquanto outras não têm nenhum tipo de sintoma. Entre as manifestações mais comuns estão: cólicas menstruais fortes e por vezes incapacitantes, dor pélvica crônica, infertilidade, dores durante a relação sexual, cólicas intestinais (acompanhadas de sangramentos nas fezes) e sangramentos no trato urinário durante o período menstrual. Pacientes que não apresentam sintomas são, geralmente, diagnosticadas em investigações por infertilidade, laqueaduras tubárias e cirurgias abdominais ou pélvicas em que o sintoma principal não é dor.
O diagnóstico sugestivo de endometriose pode ser feito por exame físico, ultrassom endovaginal especializado, exame ginecológico e dosagem de marcadores no sangue. No entanto, a principal ferramenta para confirmação diagnóstica é a laparoscopia, um procedimento cirúrgico que avalia a extensão da doença detectando as lesões e indicando a necessidade de biópsias. Os dados em conjunto são fundamentais para o diagnóstico e tratamento adequado das pacientes.
O papel da patologia na luta contra a doença está na confirmação histológica em casos leves de endometriose peritoneal, em que o diagnóstico através de exames de imagem, clínico-laboratorial ou laparoscópico não foram definitivos. Além disso, o patologista também auxilia no diagnóstico diferencial entre endometriose e neoplasias malignas, como no caso de lesões císticas ovarianas ou extensas lesões intestinais em que o diagnóstico de imagem sugere a possibilidade de neoplasia.
A endometriose está associada ao desenvolvimento de câncer em cerca 2,5% dos casos. Apesar dessa ocorrência ser rara, o médico patologista é fundamental na realização de diagnósticos precoces de tumores em ressecções cirúrgicas de lesões endometrióticas.
É importante ficar atenta aos sintomas da endometriose e realizar visitas de rotina ao ginecologista. Se for detectada precocemente, é possível iniciar o tratamento rapidamente, prevenindo complicações futuras.
Para mais informações, acesse:
www.portaldaendometriose.com.br
Fonte: Dra Annacarolina Silva – médica patologista e pesquisadora do Dana Farber Cancer Institute, Harvard Medical School, Boston, Estados Unidos.