Sociedade Brasileira de Patologia comemora 60 anos na data e alerta sobre a necessidade de valorização de seus profissionais no País, devido ao aumento de demanda de exames imprescindíveis para a saúde, como a biópsia
Durante agosto é comemorado o Dia do Patologista e em 2014 a data também remete aos 60 anos da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP). Responsáveis por identificar os tratamentos mais adequados para os pacientes, os patologistas têm entre suas funções o diagnóstico do câncer, ao definir se o tumor é maligno ou benigno. São também os profissionais que decidem se um órgão é adequado ou não para transplante, além de terem papel protagonista no tratamento dos pacientes transplantados e em doenças inflamatórias e infecciosas.
“O patologista descreve os aspectos necessários para o conhecimento do médico que acompanhará e tratará o paciente, e informa se a lesão foi retirada por inteiro ou não. Tais informações definem, por exemplo, se aquele paciente precisa de quimioterapia ou radioterapia, se o câncer é mais ou menos agressivo, as chances de cura e de sobrevida”, afirma Luciana Salomé, diretora de comunicação da SBP.
O profissional é essencial para análises mais profundas de lesões e suspeitas de doenças. Quando especialistas como ginecologistas, oncologistas, urologistas e outros médicos precisam de análises mais específicas de um nódulo de mama, uma lesão do colo de útero ou uma suspeita de câncer de próstata, o patologista estudará a biópsia ou uma peça cirúrgica para realizar um diagnóstico preciso, tanto a olho nu como em microscópio.
Mercado de trabalho
Para ingresso na residência médica, o profissional deve ter decidido a sua especialidade. Segundo pesquisa do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), há 2.006 patologistas no Brasil, o que corresponde a 0,75% do total de médicos. A pediatria, por exemplo, é a especialidade mais numerosa, com 30.112 titulados.
Para o médico patologista e secretário geral da SBP, Ricardo Artigiani, os números demonstram que a adesão à especialidade ainda está longe do ideal. “Falta divulgação da patologia principalmente nas universidades. Os alunos não têm conhecimento profundo sobre o que faz o médico patologista”, comenta.
Ainda segundo ele, não faltam patologistas no Brasil neste momento, porém com o aumento do número de alunos nas faculdades de medicina, a preocupação é que os patologistas não acompanhem a demanda. “O número de patologistas precisa seguir o crescimento de outras especialidades, para que não faltem profissionais no futuro”, diz. Sobre o perfil do patologista, a pesquisa aponta discreto predomínio de mulheres (54,54%) e idade média é de 47,69 anos.
A Sociedade Brasileira de Patologia propõe-se, ano após ano, à otimização de laudos e técnicas de procedimentos, apoiando, realizando e incentivando congressos e jornadas científicas da área.
Sobre a SBP
Desde 1954, a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) atua na defesa da atuação profissional dos patologistas, oferecendo oportunidades de atualização e encontros para o desenvolvimento da especialidade. Desde sua instituição, a SBP tem realizado inúmeros cursos, congressos e eventos com o objetivo de elevar o nível de qualificação da especialidade. Para adquirir a competência necessária, o patologista passa por um treinamento de no mínimo três anos, estudando casos e realizando exames sob supervisão, até sua formação ser completada.
A atuação política da SBP junto às demais entidades médicas foi fundamental para a aprovação da Lei do Ato Médico, especialmente em relação à inclusão de artigo que estabelece exames anatomopatológicos como atos privativos de médicos. A recente Resolução CFM 2.074/2014 foi baseada em proposta da SBP, para disciplinar as responsabilidades médicas no exercício da especialidade e, sobretudo, para exigir relações profissionais éticas, sem viés comercial, em benefício do paciente.